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Título: O Imperador das Lâminas

Autor: Brian Staveley

Editora: Novo Século

Série: As Crônicas do Trono de Pedra Bruta – 01

nº de pgs: 544

Sinopse: SABEDORIA E VIOLÊNCIA ANDAM LADO A LADO NESTA JORNADA
O Império Annuriano está em crise. O Imperador foi misteriosamente assassinado, e o trono, assim como seus herdeiros, se encontra ameaçado por uma conspiração.
Kaden, herdeiro do trono, prossegue com sua vida de estudos num austero e rígido mosteiro. Ele testa os limites de seu corpo e de sua mente a cada castigo, a cada teste. O alcance do Vazio só é possível quando o abandono da dor se vai.
Adare, ministra das Finanças, está num covil, silenciosa como uma estátua; tem entre seus pares um assassino, um traidor sorrateiro que sangrou o bem mais precioso de sua vida: seu pai, o Imperador.
Valyn é um kettral, soldado de um exército que habita uma ilha remota e possui um código de honra implacável. Treinado para matar sem hesitar, rápido e brutal como a lâmina que carrega em sua cintura, deve sobreviver ao mortal Julgamento de Hull.
Esses três irmãos, ainda que distantes uns dos outros, precisam unir forças para resgatar o Império e livrá-lo daqueles que o traíram.
Num lugar em que o tempo nem pensava em existir, há segredos mitológicos ocultos, que podem mudar o destino de todos. Asas e espadas te levarão ao campo de batalha!

Três irmãos em uma teia de assassinatos, traições, mistério, monstros e magia. Parece uma história boa, não é mesmo?

O Imperador das Lâminas é o primeiro livro da trilogia As Crônicas do Trono de Pedra Bruta e desde a primeira vez em que li a sinopse fiquei bastante curiosa para conhecer essa história. O livro é narrado pelos três irmãos, filhos do imperador de uma dinastia que, segundo a lenda, descende da deusa Intarra. Como marca dessa ligação divina, os membros dessa família possuem olhos incandescentes, como se uma chama os iluminasse por dentro. A filha mais velha é Adare, porém por ser mulher ela não pode herdar o trono; o segundo filho, Valyn, nasceu com os olhos castanhos comuns de sua mãe, portanto também não pode ser o herdeiro, assim, o futuro imperador deverá ser Kaden, o filho mais jovem. Como manda a tradição ele é enviado, aos seis anos de idade, para treinar nas montanhas distantes com os monges Shin.

O livro já começa com o imperador morto (ele morre no prólogo na verdade), porém o mosteiro onde Kaden vive há oito anos é distante de tudo, por isso demorará meses até que ele descubra que seu pai foi assassinado e que ele é o novo imperador. O cotidiano pacato do mosteiro é interrompido quando as cabras do lugar começam a serem atacadas e mortas por uma criatura ainda não identificada. Além disso, Kaden recebe um novo umial (uma espécie de tutor/mentor que todo acólito tem). Esse novo professor é extremamente severo e seus treinamentos parecem ter como propósito matar o jovem. Porém o garoto está determinado a descobrir qual o sentido daquilo tudo e de que forma ser enviado para crescer em um local tão distante do reino o ajudará como imperador.

Seus capítulos costumam ser mais parados, mas não de um modo ruim. Acompanhamos o dia a dia dele e de seus colegas monges e acólitos, mas a escrita do autor não deixa que se torne algo maçante ou lento. Ficava interessada em descobrir o que estava acontecendo no mosteiro e a revelação do porquê os príncipes herdeiros vão treinar lá já há muitas gerações deu uma nova perspectiva para toda a história que me deixou bem empolgada, além do ponto de virada em seu núcleo que trouxe muitas surpresas. Kaden é um personagem agradável, tantos anos longe da corte o tornaram alguém humilde, mas que sabe se impor quando necessário, gostei bastante dele.

Valyn foi mandado para longe de casa no mesmo dia em que seu irmão mais novo. Ele, porém, foi para as ilhas treinar com os Kettral. Esses soldados de elite recebem esse nome devido as imensas aves de rapina que utilizam em suas missões pra transportá-los. Sim, eles voam nas aves, é uma coisa meio O Hobbit. O treinamento de Valyn está próximo do fim, mais algumas semanas e ele passará pelo Julgamento de Hull, o teste final para se tornar um kettral de fato. Antes disso, porém, ele e seus colegas vão em uma missão para identificar o que aconteceu em um navio onde toda a tripulação foi assassinada. É lá que ele recebe o aviso de um marinheiro semimorto de que existe uma conspiração para eliminar sua família e que esse navio deveria levá-lo de volta para casa. No mesmo dia, ele recebe a notícia de que seu pai foi assassinado.

O primeiro impulso do rapaz é voar para proteger seu irmão e agora imperador, porém ele decide completar o treinamento para conseguir fazer isso da forma correta. Nesse meio tempo, ele tem que lidar com acontecimentos que parecem ser atentados contra sua vida e investigar o assassinato brutal de uma prostituta da região.

De longe os capítulos de Valyn são os que mais empolgam. Além desse clima de investigação, temos um leque de personagens coadjuvantes muito interessantes que nos fazem adorá-los ou odiá-los. O destaque aqui é para as garotas da turma de cadetes de Valyn: a explosiva Gwenna, a calada e cheia de segredos Anick e, claro, a melhor amiga do príncipe, Ha Lin que traduz o que significa ser mulher no meio dos Kettral. Adorei a forma como o autor abordou a questão feminina nesse núcleo. Enquanto personagem, Valyn é do tipo que acredita que tudo é responsabilidade sua, portanto tenta proteger a todos e lidar com todos os acontecimentos ao mesmo tempo. É óbvio que isso é impossível e é o que causa os maiores conflitos do príncipe. Gostei dele tanto quanto gostei de Kaden.

Agora de quem eu não gostei muito foi de Adare, a mais velha dos três e a única que cresceu na corte ao lado do pai. A encontramos pela primeira vez no enterro do antigo imperador e ela está determinada a descobrir seu assassino. Na verdade, ela tem absoluta certeza de quem foi, só precisa provar. Os capítulos dela são bem poucos e muito espaçados, eu levava até um susto cada vez que a narrativa saia de um dos dois rapazes e ia para ela. Por conta disso, falar mais de sua trama já entraria no campo dos spoilers, mas posso dizer que os capítulos dela foram um pouco problemáticos para mim.

Adare viveu na corte, é nítido que ela era muito ligada ao pai e ele a educou para aquele ambiente, por isso acho que ela comete erros que não são justificáveis. Ela é muito impulsiva e lhe falta diplomacia. O desfecho de sua trama foi um pouco previsível, mas abriu boas possibilidades para serem trabalhadas no segundo livro.

Quanto à edição brasileira, está com uma boa diagramação, com letra de tamanho confortável e, embora o livro seja grosso, o papel utilizado não o deixa pesado. Agora, eu encontrei vários errinhos de revisão, com palavras e letras suprimidas de frases, e isso pode incomodar. A tradução também é um pouco estranha, às vezes um nome próprio ou de lugar permanece no original em inglês e em outras é traduzido para o português. Não entendi muito bem qual foi o critério dessas escolhas, para mim ou deixava tudo no original ou traduzia tudo. 

Como um todo, O Imperador das Lâminas é um livro muito bom, mas não espetacular. Ele parece com uma grande introdução daquele universo, onde a trama principal não é vislumbrada. Eu não estava entendendo para onde o autor queria levar os personagens e, alguns leitores podem gostar disso, mas para mim incomodou um pouco. A reta final, entretanto, compensou e me deixou com vontade de continuar acompanhando esses três irmãos pelos próximos livros. É claro que eu o recomendo para o fãs de Alta Fantasia.

Nota: 3,5/5

*Os três livros que compõe essa série já foram lançados lá fora e a Editora Novo Conceito acabou de anunciar que o segundo está chegando para nós!

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